Lixo Eletrônico

Desafios para a reciclagem do lixo eletrônico no Brasil

4 min de leitura •

Quem acompanha notícias sobre sustentabilidade, reciclagem e meio ambiente, ou é um leitor assíduo do nosso blog, com certeza já sabe que o Brasil é um dos campeões mundiais na produção de resíduos eletrônicos (REEE), o maior da América Latina e o segundo maior das Américas, perdendo apenas para os Estados Unidos.

Além de estarmos sempre no pódio, nosso país recicla pouco ou quase nada do que descartou, menos de 3%. Para que os números de coleta desses resíduos e sua destinação ambientalmente correta aumentem cada vez mais, em outubro de 2019 foi assinado o Acordo Setorial para a Logística Reversa de Produtos Eletroeletrônicos.

Trata-se de um documento complementar à PNRS (Política Nacional de Resíduos Sólidos) e que define metas para fabricantes, importadores, distribuidores e comerciantes sobre a quantidade de PEVs (Pontos de Entrega Voluntária) que devem ser instalados, o número de cidades atendidas e o percentual de aparelhos eletroeletrônicos a serem coletados e destinados corretamente. O documento foi então formalizado também pelo Decreto Federal nº 10.240/2020.

Mesmo com a lei em vigor e com todos os esforços, iniciativas e ações que visam estimular e conscientizar a população a descartar corretamente seus resíduos eletrônicos quebrados ou sem utilidade, nos deparamos com alguns desafios, principalmente no que diz respeito à reciclagem no Brasil.

Segundo o estudo “Desafios da reciclagem de lixo eletrônico e as cooperativas de mineração urbana”, publicado no Brazilian Journal of Business, a reciclagem dos resíduos eletroeletrônicos no Brasil esbarra em desafios econômicos, tecnológicos e da manufatura reversa, entre eles:


Desafios da manufatura reversa: 

– Logística reversa (coleta, transporte e armazenamento adequados dos REEE), principalmente em um país de extensão continental como o Brasil;

– Espaços disponíveis nas áreas urbanas que disponham de área adequada à atividade, além de estar acessível aos cooperados e próxima das áreas geradoras dos REEE;

– Custo elevado para compra ou aluguel de terreno;

– Custo elevado para a adequação do local e compra de equipamentos; 

– Risco de incêndio devido à estocagem de materiais de fácil combustão; 

– Capacitação técnica; 

– Presença de substâncias possivelmente indesejadas, tóxicas ou perigosas.


Desafios tecnológicos:

– Falta de métodos automáticos de bom desempenho para o desmantelamento de dispositivos eletrônicos: a principal alternativa é o desmantelamento manual;

– Devido ao alto custo, não é economicamente viável desmontar e classificar, por exemplo, pequenos componentes contendo metais valiosos de placas de circuito impresso (PCB), ou mesmo desmontar PCBs antes do processo de esmagamento;

– Heterogeneidade na composição dos materiais na entrada do processo, mesmo pertencendo ao mesmo fabricante; 

– Dificuldade em separar a matéria-prima crítica das estruturas complexas;

– Perda de materiais em diferentes fases de processamento.


Desafios econômicos: 

– Devido à variação das qualidades e quantidades de fornecimento de material de insumo e dependência dos preços secundários dos materiais sobre os de materiais virgens, é difícil manter os volumes, qualidades e preços dos materiais reciclados estáveis;

– O benchmarking dos preços em relação aos preços dos materiais primários não leva em conta os potenciais benefícios ambientais e estratégicos da reciclagem;

– Em alguns casos, os custos de aterros ou alternativas de recuperação de energia são bastante baixos devido à super capacidade; 

– O mercado de matérias-primas críticas recicladas não é claro, pois muitas vezes o valor do material primário é muito baixo para aumentar o interesse pela reciclagem.


São muitos os desafios e o caminho a percorrer é bem extenso, entretanto, é a partir de já e das ações de cada um, por menores que sejam, que conseguiremos transformar a realidade do setor de reciclagem de eletroeletrônicos do nosso país.

Como cidadão e consumidor consciente, não deixe de fazer a sua parte, separe os eletroeletrônicos quebrados ou sem utilidade e as pilhas gastas e descarte num PEV da Green Eletron mais próximo da sua casa.

Localize aqui os PEVs de eletroeletrônicos

Localize aqui os PEVs de pilhas